quinta-feira, 23 de outubro de 2008

EPISTEMOLOGIA DE UM SOFISMA




Por: Josafá Batista

É um fenômeno absurdo, mas recorrente. Vejam: A maioria das críticas não-acadêmicas ao capitalismo, especialmente daqueles que o defendem, costuma comparar o modelo aplicado em uma região e um período histórico a outro modelo ideal, geralmente o de outro país.

Parte-se do princípio que o modelo “lá” deu certo por razões históricas: pela ética do governo, pelo empreendedorismo dos seus empresários, pela superioridade moral do seu povo. A mesma razão presta-se a explicar a situação “cá”: pusilanimidade dos políticos, preguiça da população, “jeitinhos brasileiros” etc.

Antes dessa crise a referência para a comparação eram os Estados Unidos, mas, com a bancarrota do laissez-faire, a utopia burguesa costuma situar-se onde sempre esteve antes da ascensão do Império hegemônico: “nas nuvens”, expressão de Karl Marx que literalmente significa “no mundo das idéias” ou “em condições ideais”.

Com o socialismo - e aqui vem o “fenômeno absurdo” - essa lógica se inverte: todo e qualquer erro, de avaliação ou de política pública, cometida por um país socialista torna-se imediatamente “problema estrutural do socialismo”.

A Comuna de Paris levanta-se em armas contra os políticos franceses na guerra franco-alemã. Guerra civil? Não, o Socialismo que é genocida por natureza. A URSS de Stalin reprime manifestações por um “socialismo não-burocrático” na ex-Tchecoslováquia. Erro de Stalin? Não, o Socialismo que é autoritário. Chávez fecha um canal de TV que participou de um golpe armado com apoio da CIA. Destempero do venezuelano? Não, o Socialismo que é antidemocrático.

Percebem a diferença?

A regra é mais ou menos esta: na vigência do Capitalismo, em que dirigentes de Estado e empresários pertencem à mesma classe social, os crimes e erros são meros desvios específicos, locais; na vigência do Socialismo, o erro é de todo o sistema, e, como se não bastasse, é atemporal (vale para todas as épocas).

Vamos a um exemplo prático, a política do “realismo socialista” adotada pela URSS após o 1º Congresso da União dos Escritores Soviéticos, realizado de 17 de agosto a 1º de setembro de 1934.

Vale lembrar que antes mesmo da Revolução de 1917 as vanguardas culturais já assumiam posicionamentos frente à luta que estava posta. De um lado a monarquia czarista, sustentada politicamente pela Igreja Ortodoxa e pela aristocracia, adotava um padrão estético acadêmico; de outro, o novo grupo político propunha uma renovação geral e trazia consigo uma revolução cultural e estética.

Sendo necessário fazer a propaganda revolucionária em um país com uma população majoritariamente analfabeta ou de baixo nível de escolaridade, com deficiências materiais no campo das gráficas disponíveis, optou-se por cartazes com poucas palavras, poucas cores (basicamente, preto, branco e vermelho), elementos geométricos simples e uma linguagem icônica.

Em tais condições históricas floresceria espontaneamente o “realismo soviético”, mantendo-se posteriormente por razões também políticas: no contexto da Guerra Fria era crucial para a URSS adotar uma estética artística potencialmente oposta à cultura de massas que virava norma nos EUA. Naturalmente, a própria cultura de massas (que hoje homogeneizou a mídia mundial) é também histórica. Nasceu no contexto da Grande Depressão de 1929).

Concordo com Aldo Nascimento, do blog Língua, sobre o erro que foi a importação do modelo soviético pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), que não foi o único a fazê-lo. Partidos comunistas da China, Coréia do Norte, Vietnã, Laos, Camboja, Cuba, Nicarágua e outros países fizeram o mesmo.

Entretanto, até esse encartilhamento precisa contextualizar-se no movimento real da história: no pós-1ª Grande Guerra Mundial, com ascensão de forças hostis na Europa e no outro lado do Atlântico, a orientação da 3ª Internacional (reunião formada pelos partidos comunistas de vários países) foi desesperada: todos os partidos-membros deveriam seguir as mesmas estratégias de Moscou. Em 1939, quatro anos após o Congresso de Escritores, rebentaria a 2ª Guerra Mundial e o “realismo socialista”, que já era regra, virou norma.

Uma atitude equivocada, evidentemente. Porém, imaginem o peso, naqueles tempos, de algum partido afirmar-se "comunista” e rejeitar a estratégia de guerra adotada globalmente em uma cúpula mundial...

Como se vê o “realismo socialista” não é, nunca foi, ação “do Socialismo”, este espectro tão caluniado, por uma razão muito simples: Socialismo, assim como Capitalismo, são sistemas político-econômicos fundados em realidades locais, distintas no tempo e no espaço, moldadas por subjetividades e valores sociais específicos.

O “realismo socialista” foi primeiro uma decisão política específica, estendida mais tarde ao resto do mundo em um contexto geopolítico de guerra, não apenas da 2ª Grande Guerra, mas principalmente da Guerra Fria. Vale lembrar ainda que o “realismo socialista” foi um dos motivos que levaram à criação da 4ª Internacional, formada por dissidentes que consideravam o modelo soviético um “capitalismo de Estado” (com o que estou de acordo).

Naturalmente, conhecer tais detalhes nos garante um grande aprendizado da história do mundo no turbulento Século XX. E também permite compreender melhor erros de avaliação muito próprios da sua época, local, condições políticas, sociais e econômicas.

Por isso mesmo transformar tais equívocos específicos em características imutáveis do Socialismo é não só uma grande desonestidade intelectual, mas a manifestação da posição de classe de quem o faz. Afinal, se não nos mobiliza a produção de miséria em escala industrial, ameaça de catástrofe ambiental global, crise sistêmica internacional, concentração de renda, corrupção generalizada, multiplicação da miséria, alienação moral e outros crimes inerentes ao capitalismo, é porque já nos acomodamos muito bem, obrigado, em nossa função de protetores desse regime totalitário (!) que aquece o nosso quartinho dos prazeres...

... enquanto o resto da casa pega fogo!

A ilustração acima é do poeta soviético Vladimir Maiakóvski, a quem o também poeta e tradutor Haroldo de Campos, em comentário ao livro "Maiakóvski - Poemas", (Ed. Perspectiva, 1982) assim definiu: "Maiakóvski deixa descortinar em sua poesia um roteiro coerente dos primeiros poemas, nitidamente de pesquisa, aos últimos, de largo hausto, mas sempre marcados pela invenção. 'Sem forma não há arte revolucionária', era seu lema, e nesse sentido Maiakóvski é um dos raros poetas que conseguiram realizar poesia participante sem abdicar do espírito criativo".

Para Aldo Nascimento, entretanto, "se tivesse nascido no berço da economia de mercado, a arte de Vladimir Maiakóvski teria seguido outro destino".

Aposta perigosa. Não há como saber, sequer, se Maiakóvski seria Maiakóvski se tivesse nascido em outro país, outro contexto social, político e econômico, pela óbvia razão de que são sobre esses contextos específicos que erguem-se as subjetividades individuais.

Mas é compreensível. Afinal, segundo o professor, "o neoliberalismo permite ao indivíduo o que comunistas não permitiram na história: a liberdade de criar" (inclusive sofismas, acrescento).

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

RISCOS DE UMA APURAÇÃO APRESSADA

Por: Josafá Batista
Em 17 de junho desse ano o jornal El Deber, de Santa Cruz de La Sierra (Bolívia), publicou matéria especial sobre um documento atribuído ao Movimento al Socialismo (MAS), partido de Evo Morales. O documento denominava-se "Guía de Acción Política de Orinoca Para Los Compañeros Revolucionarios del MAS y Sus Aliados".

Na verdade o escrito, sem assinatura e sem nomes de responsáveis, vinha circulando há pelo menos um ano em fóruns e blogs da internet como o Forum Univision, E-Foro, Autonomía Ya! e outros. Ele também foi citado em matérias dos jornais La Razón e El Nuevo Día.

Mas foi no jornal El Deber que pela primeira vez o autor da matéria resolveu ouvir os representantes do MAS. Assim, a jornalista Carla Paz Vargas pôde escrever que o MAS atribui a autoria do documento aos Comitês Cívicos da chamada "Media Luna" (grupo de governadores bolivianos que fazem oposição a Evo Morales), que assim criaram factóides na imprensa para justificar "paros civicos" realizados desde 2007.

Portanto, um boliviano que chegasse ao Acre - da oposição ou da situação - e lesse o diário Página 20 não entenderia o conteúdo das matérias Exército boliviano emite mandado de prisão contra jornalista acreano e Bolívia se encontra à beira do abismo, publicadas ontem.

Primeiro porque, como vimos, o "plano" citado na matéria não é exclusivo há pelo menos um ano e meio...

Segundo porque é no mínimo um péssimo jornalismo validar o conteúdo de um documento cuja origem não se conhece ao certo, especialmente quando não é possível ouvir os "acusados" - na verdade é possível, basta entrar em contato com os dirigentes do MAS pelo e-mail fornecido no site oficial do partido.

Terceiro, e mais grave, é porque o documento é falso. Para constatar isso você, leitor, precisará obtê-lo clicando aqui. Abra e observe: o suposto "carimbo" onde está escrito CONFIDENCIAL é na verdade uma imagem sobreposta ao texto, isto é, uma arte feita no computador. Não é um carimbo. Outra arte foi feita no símbolo do MAS, grafado na parte superior direita de cada página, e na foto esquisita do presidente Evo Morales. Observe que a foto está em preto-e-branco enquanto o resto do documento é colorido pelas imagens inseridas sobre o texto.

Todo o documento foi, portanto, editado.

Tem mais. Esse documento está hospedado em um jornal venezuelano, o Noticiero Digital. A imprensa acreana não deve lembrar, mas o Noticiero foi um dos jornais que recebeu dinheiro da Embaixada dos Estados Unidos na Venezuela durante a tentativa de golpe de Estado a Hugo Chávez. Confira aqui.

A pergunta que não quer calar, portanto, é: o que um documento "incriminador" do MAS estaria fazendo no site de um jornal de outro país? "É parte de uma notícia!", poderíamos pensar. Mas não é. O Noticiero jamais tocou no assunto.

Mas nada nas duas matérias do Página 20 poderia ser tão grave quanto o suposto "plano militar elaborado para dar sustentação aos aliados de Evo Morales" (foto). Além de não ter origem comprovada, o documento trai a si mesmo e dá várias pistas sobre sua real origem.

Clique na foto para ampliar e observe a primeira seta, da esquerda para a direita.

As expressões "Negociación IDH, Nueva CPE y Estatuto Autonómico" não são reivindicações dos partidários de Morales, mas do Consejo Nacional Democratico (Conalde), instituição formada pelos comitês cívicos dos Estados "autonomistas". Essas reivindicações, que o governo Morales considera golpistas, foram também condenadas pela União de Nações Sul-Americanas (Unasur) que foram tácitas em afirmar que não vão reconhecer "tentativas de golpes civis".

Veja o comunicado aqui.

Outra curiosidade do suposto segundo "documento" é o uso das expressões "paros y bloqueos" para designar as ações terroristas, uma vez que ambas designam as ações dos próprios comitês. Em um desses "bloqueos" os autonomistas seqüestraram um avião do Exército boliviano com metralhadoras, granadas e outras armas de uso exclusivo das Forças Armadas. Essas armas, segundo os resultados dos primeiros laudos cadavéricos publicados nos jornais bolivianos, foram usadas no massacre de camponeses ocorrido no dia 11 - e não 12 - de setembro.

Todas essas ações aconteceram criteriosamente dentro dos prazos determinados no "plano militar", de forma minuciosamente sincronizada entre os departamentos "autonomistas". Parte desse cronograma terrorista é reconhecido inclusive pelo próprio jornalista Alexandre Lima, autor de uma das matérias e que se diz perseguido pelo governo boliviano. Confira:

"Os conflitos dos últimos meses na Bolívia ocorreram coincidentemente no mesmo período em que o governador de Pando, o autonomista Leopoldo Fernández, se reunia com a população local para aprovar o novo estatuto autonômico de Pando. Nessa mesma época, Fernández também negociava a liberação do IDH (impostos retirados pelo governo Evo Morales), Constituição Autonomista de Estado (CPE) e o Referendum Revocatório. A autonomia de Pando foi aprovada entre os meses de julho e agosto, mas não aceita pelo governo de Evo Morales. Os conflitos eclodiram novamente e pontes foram obstruídas, impedindo a ligação terrestre entre Cobija e Acre e fronteiras com a Argentina. Ao mesmo tempo, também pipocaram confrontos na parte central da Bolívia. Em Santa Cruz, por exemplo, ocorreram várias mortes e dezenas de pessoas foram presas." - Página 20, "Governo contra autonomistas", in Bolívia: à beira do abismo. 14.10.2008.

A matéria completa do Página 20 está disponível aqui.

E a expressão "agitar occidente", usada no documento?

Quem conhece a geografia boliviana (confira nesse mapa) sabe que essa expressão jamais poderia se referir ao ocidente pandino: o Estado "termina" na fronteira com Assis Brasil. A oeste de Cobija só há pequenas cidades campesinas como Santa Cruz (não confundir com Santa Cruz de La Sierra), Floresta e Bolpebra, que devido à distância e imensa dificuldade de acesso por terra ou água dificilmente poderiam ser "agitadas" da forma citada no documento.

O "occidente" citado é uma alusão aos Estados (Departamentos) com maioria indígena, favoráveis a Evo Morales. Os Estados com maioria oposicionista ficam no "oriente", isto é, no leste boliviano. Assim, a expressão "agitar occidente" no documento significa provocar os camponeses para que se manifestem e assim iniciar uma sangrenta guerra civil que causaria (pelo cronograma do documento) um golpe de Estado ou o assassinato do presidente Morales.

Por que o assassinato de Morales? Porque o documento, como acabamos de ver, tem perspectiva nacional, e não departamental (estadual).

Para terminar essa excessiva postagem de hoje quero finalizar dizendo que Alexandre Lima, o jornalista entrevistado na primeira e autor da segunda matéria do Página 20, não teve prisão decretada.

Quem o Exército procura é um boliviano chamado Amín Alejandro Farah Ferreira. De acordo com Lima, Farah Ferreira teria sido o seu "procurador" em um contrato de publicidade firmado com o Governo pandino em 2007. A acusação é superfaturamento de dinheiro público. De acordo com o governo boliviano, O Alto Acre, na época um semanário, teria recebido o equivalente a R$ 9 mil em dois meses de serviço.

Para ver mais detalhes dessa transação clique aqui.

Seriam Alejandro e Alexandre a mesma pessoa? Por enquanto, não sei.

E vocês?

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Conspiração paramilitar em toda a Colômbia

Documento da Comissão de Direitos Humanos do Senado da República da Colômbia.

CONSTANCIA PÙBLICA

Plenária do Senado da República


Terça-feira, 12 de Agosto de 2008


No dia de hoje quero denunciar, à Plenária da Corporação e a opinião pública nacional e internacional, em minha condição de cidadão e Presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado da República, a existência na Colômbia de uma conspiração nacional que realiza ações simultâneas entre grupos encobertos e paramilitares a serviço de grandes blocos de poder ligados aos interesses de transnacionais, grandes fazendeiros e empresários legais e ilegais. Ultimamente eles atreveram-se, de de forma temerária e criminosa, a ameaçar de forma gravíssima às comunidades indígenas, camponesas e mineradoras, às organizações de mulheres e de direitos humanos, aos trabalhadores e suas organizações gremistas e sindicais em todo o território nacional.

Na segunda-feira, 11 de Agosto de 2008, enquanto transcorriam as Comissões Conjuntas de Direitos Humanos da Câmara e do Senado no Município de Barrancabermeja, veio a público uma covarde ameaça contra o Conselho Regional Indígena de Cauca (CRIC) e a Associação de Líderes Indígenas do Norte de Cauca (ACIN) que representam todas as autoridades tradicionais dos povos Nasa na região norte do departamento de Cauca. Um comunicado extra-oficial, assinado por uma organização autodenominada "Campesinos Embejucaos da Colômbia", ameaçava abertamente com execuções, terror e destruição às comunidades indígenas nos departamentos de Cauca, Vale, Tolima, Putumayo e o Huila, utilizando uma linguagem sinuosa e traiçoeira que reproduz à risca e encontra eco nas declarações do comandante da 3ª Brigada do Exercito Nacional, Geral Jaime Esguerra Santos. Essas declarações também surgem em um contexto no qual o próprio Presidente da República e porta-vozes da sua bancada de apoio no Congresso colombiano se referem às comunidades indígenas no departamento de Cauca e suas autoridades tradicionais como invasores, apesar deles exercerem jurisdição prevista pela Constituição sobre os territórios onde vivem. Essa ameaça aberta contra as comunidades e suas autoridades tradicionais em Cauca revela uma conspiração de setores ocultos, de fazendeiros e paramilitares daquele departamento, que ostentam um insólito discurso anti-indígena visível nas declarações oficiais do Governo Nacional e que só pode abrigar as mais perigosas e criminosas intenções.

Nesse mesmo sentido, no dia de ontem, em sessão conjunta e audiência pública das comissões de Direitos Humanos de Câmara e Senado no município de Barrancabermeja, foi denunciada uma nova invasão do município por três destacamentos avançados de paramilitares e de grupos de narcotráfico, que têm ameaçado e intimidado às organizações sociais, sindicais, camponesas, de direitos humanos e de mulheres no porto petroleiro. Um clima de violência crescente, no qual o número de mortes violentas no porto petroleiro duplicou-se em relação às ocorridas no ano passado. Desse contexto de terrível violência surgiram sérias ameaças de grupos paramilitares que utilizam como codinomes "Águias Negras"; "Heróis de Castaño" e autodenominam-se "comandantes paramilitares" contra a Federação Agromineira do Sul de Bolívar, a Organização Feminina Popular, a União Sindical Operária, a Corporação Semear, Credhos, e a Associação de Familiares de Vítimas do 16 de Maio de 1998. Também chegou à Comissão de Direitos Humanos do Senado a denúncia da realização de operações de grupos paramilitares nos últimos 60 dias nos bairros populares de Barrancabermeja, operações irregulares realizadas para intimidar permanentemente às comunidades. Soma-se a isso um clima de revoltante impunidade sobre numerosos assassinatos de cidadãos e cidadãs da região do sul de Bolívar, realizados muitas vezes por membros da polícia. Na audiência pública em Barrancabermeja foram denunciadas outras ações muito graves envolvendo unidades policiais dos Batalhões de Nova Granada, Nariño, Calibio e as brigadas 15ª e 4ª do Exército Nacional.

Denúncias que serão disponibilizadas para o conhecimento do Sr. Procurador-Chefe da Nação para sua investigação e esclarecimento. Denúncias que surgiram em um período e região na qual foram concedidos 200.000 hectares à transnacional Anglo Gold Mine Ashanti para a exploração das maiores reservas de ouro da América Latina. Em um longo conflito com os pequenos mineradores e as comunidades camponesas desta região, que

lutam para sobreviver em seu próprio território cercado pelo narcotráfico, megaprojetos em carvão, petróleo, agrocombustíveis e o ressurgimento de grupos paramilitares.

Tudo isso sem uma política de segurança pública capaz de conter e garantir os direitos da população envolvida no conflito. Mesmo assim, no município de San Onofre, Sucre, foram gravemente ameaçados os ativistas do movimento de Vítimas, Adil Meléndez e Adriana Porras, que têm sido ativos defensores da resistência da população daquele município na luta para alcançar efetivas respostas do Governo Nacional no sentido de reparar integralmente os graves crimes cometidos por grupos paramilitares.

Ambos foram ameaçados por paramilitares que hoje enfrentam investigações na jurisdição de Justiça e Paz por graves crimes cometidos entre 2002-2005 nesta localidade. Da mesma forma, essas ameaças contra a população se produzem em um período no qual a Comissão Nacional de Reparação tenta realizar nessa zona do departamento de Sucre um programa piloto de indenizações. Além disso, no último dia 4 de Agosto de 2008, o município de Palmira, que fica no departamento do Vale de Cauca, passou por momentos de pânico ocasionados por dois homens armados que trafegavam em duas motocicletas no bairro Zamorano, prejudicando o trabalho do meu assessor e integrante da Unidade Técnica Legislativa, Juan Pablo Ochoa, no instante em que ele se preparava para concluir uma reunião com um grupo de trabalhadores do setor canavieiro que haviam apresentado uma Declaração Única de Exigências dos trabalhadores da indústria Canavieira, diante de órgãos representativos do desse setor. Esse fato, que foi levado ao conhecimento das autoridades competentes, não só é uma grave provocação contra os trabalhadores da cana, que lutam por seus direitos no Vale do Cauca, mas também é uma grave agressão aos trabalhos do Congresso da Colômbia e da integridade física de seus funcionários.

Finalmente, quero assinalar que o sociólogo, cronista e colunista ALFREDO MOLANO pode se tornar um bode expiatório no processo que ele responde perante o 4º Juizado Penal de Bogotá por parte da família Araújo. O que ocorreu com o jornalista ALFREDO MOLANO é um grave atentado à liberdade de expressão na Colômbia. A criminalização da sua coluna Araújos (El Espectador, Bogotá, 25 de fevereiro de 2007) pode conseguir que Alfredo Molano perca a liberdade de escrever na Colômbia. A acusação de calúnia e injúria contra Molano procura criar uma jurisprudência que restabeleça o crime de opinião na Colômbia.

Faço um chamado ao Governo Nacional para que atue para proteger às comunidades indígenas em todo o território nacional e em particular para que se tomem todas as medidas que garantam a integridade dos chefes indígenas e a da população no norte do Departamento de Cauca. E que com isso se possa prevenir as ações que se anunciaram contra os líderes indígenas, seus porta-vozes e suas comunidades, com especial ênfase na zona norte do departamento de Cauca.

Da mesma forma, que se tomem todas as medidas que permitam garantir a proteção dos movimentos sociais, de direitos humanos e de vítimas em geral em Barrancabermeja, Santander, São Onofre, Sucre e em Palmira, Vale de Cauca. E que se garanta a integridade das comunidades camponesas e mineradoras em toda a região do sul de Bolívar.

Faço também um chamamento público ao Sr. Procurador-Geral da Nação para que sejam investigadas todas as ameaças contra as organizações indígenas sociais, de direitos humanos e de vítimas no sul de Bolívar, no departamento do Cauca e na localidade de São Onofre, em Sucre.

Faço ainda um apelo à comunidade internacional, ao sistema de proteção aos direitos humanos das Nações Unidas e à delegação da Organização dos Estados Americanos (OEA) na Colômbia, para que eles se pronunciem diante do Governo da Colômbia exigindo ações eficazes contra a contínua presença de grupos e ações ocultas de responsabilidade paramilitar e que hoje ameaçam às comunidades e movimentos sociais em toda a Colômbia.

Assinado.


Alexander López Maya


- Presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado da República.

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Para maiores informações, clique aqui.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Sociólogo denuncia privatização dos rios amazônicos


Um processo devastador de entrega da Amazônia ao capital internacional está em curso no governo Lula, denuncia o sociólogo Luiz Fernando Novoa Garzón.

Em seu artigo "Licença de instalação abre caminho para a privatização irrestrita do rio Madeira", Garzón, professor de Sociologia da Universidade Federal de Rondônia e um dos principais teóricos críticos do chamado "desenvolvimento sustentável" na região, analisa documentos do Ibama e do Ministério do Meio Ambiente (MMA) para mostrar como as decisões e estudos técnicos não medem corretamente os prejuízos ambientais e humanos das chamadas megaobras na região.

"Tanto as condicionantes da Licença-Prévia, licença que vale para as duas usinas, como as condicionantes da Licença de Instalação, licença que vale neste momento para Santo Antonio, dão evidência dessa precarização institucional. As 33 condicionantes iniciais requeriam diagnósticos que deveriam estar consolidados nos estudos ambientais prévios, ou seja, a tarefa do monitoramento de parâmetros pré-definidos foi substituída pela construção desses parâmetros durante as fases seguintes, o que significa na prática que é o próprio empreendedor que certifica a adequação social e ambiental de sua obra. Temerário caminho que se faz ao caminhar guiado por interesses particularistas cegos ao que não for faturamento e lucro. Temerário modo de compatibilizar grandes desastres com grandes negócios", nota o sociólogo.

Diversas exigências ambientais do próprio governo já foram engolidas pela ânsia de lucratividade das hidrelétricas na região do rio Madeira, processo que tende a se agravar à medida em que as obras da Iniciativa para a Integração da América do Sul (IIRSA) começar a se agravar. Em todas elas, documentos e cronogramas do governo, assim como reivindicações da comunidade, são postos de lado em nome da "geração de emprego e renda" (leia-se: aumento da favelização e da violência urbana) prometidas pelo capital internacional onde o mesmo consegue se instalar.

O artigo completo está no nosso forum.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

"É a visão do inferno"

Em maio de 2008 a USIMINAS começou as obras para instalação da coqueria 3 (já existem duas) na siderúrgica situada em Ipatinga - MG. Conversei com um amigo que já visitou uma dessas coquerias, e nas palavras dele "é a visão do inferno", o ambiente é extremamente quente, os trabalhadores ficam submetidos à altíssimas temperaturas (os fornos trabalham em temperaturas próximas a 1300 ºC) por horas e em péssimas condições de trabalho.
A segurança parece não estar nas pautas de discussão da empresa. As roupas dos funcionários que ali trabalham, não apresentam qualquer proteção especial, sendo que estes trabalham próximos à peças incandescentes que em contato pode amputar um membro, estão em constante contato com gases tóxicos como o monoxido de carbono (que traz problemas respiratórias e dependendo da quantidade causa morte), alguns cancerígenos como o por exemplo o benzeno, que causa leucemia.
Talvez por isso a Usiminas não permite a entrada de pessoas de fora da empresa (sem um burocrático processo de autorização) e nem que os funcionários portem objetos eletrônicos dentro da empresa (como Notebooks e maquinas fotográficas) , lá dentro não é permitido fotografar, o argumento que a empresa sustenta para manter essas medidas é o de "espionagem industrial", descumprimento dessa regra pode resultar em demissão.
E o sindicato, e a população, ninguém faz nada ? O sindicato é mais um braço da empresa do que defensor de causas trabalhistas, é um markenting para a boa imagem, algo para dizer "olha nossos trabalhadores tem seus direitos defendidos". A empresa exerce um forte controle na economia da cidade, por isso muita coisa convenientemente não aparece.
A Usiminas já teve a sua história manchada algumas vezes, como no caso do mensalão, em que ela é citada como um dos mais antigos clientes da agência de publicidade SMP & B de Marcos Valério, e teria feito doações "por fora" para alguns políticos, como o ex-prefeito de Belo Horizonte Roberto Brant. Outro caso mais distante e não menos importante, é o massacre de Ipatinga, ocorrido no dia 7 de outubro de 1963, a empresa não querendo ceder aos protestos dos trabalhadores convocou a Policia Militar, que combateu o movimento a tiros os trabalhadores desarmados.

terça-feira, 24 de junho de 2008

MST angaria assinaturas contra criminalização do movimento

O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) disponibilizou em sua página na internet (www.mst.org.br) um manifesto para que os trabalhadores assinem e ajudem a impedir a criminalização do movimento. A tentativa de criminalização, de longe a maior ameaça jurídica ao movimento, foi feita pelo Conselho Superior do Ministério Público do Rio Grande do Sul.

O conselho aprovou um relatório que compara o MST e uma guerrilha e, no mérito, pede a dissolução do movimento. De acordo com a imprensa, o documento já serviu de base para oito açõe judiciais contra sem-terra, como proibição de marchas e autorização de despejos.

"Não só querem impedir a divisão da terra, como determina a Constituição, mas pretendem criminalizar os que lutam pela reforma agrária e impedir a continuidade do Movimento. Para tanto, essas forças politicas que defendem poderosos interesses de grupos econômicos de empresas transnacionais, que estão se instalando no Estado para controlar a agricultura, e os latifundiários, estão representadas hoje no governo de Yeda Crusius (PSDB), na Brigada Militar, no setores do Poder Judiciário local e no poder do monopólio da mídia", adverte o manifesto.

Interessados em assinar o protesto e ajudar os trabalhadores devem clicar aqui. Em seguida, devem imprimir a página e assinar com caneta esferográfica preta ou azul. A página assinada deve ser escaneada e enviada para os seguintes e-mails:

Setor de Direitos humanos do MST (dhmst@uol.com.br)

Setor de imprensa do MST (imprensa@mst.org.br)

Uma página pode conter vários nomes. Com base nessas assinaturas o MST vai organizar um abaixo-assinado nacional.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Rio de Janeiro, um caso sociológico

Os problemas do Rio de Janeiro não são, absolutamente, novidades. Pelo contrário, são bem previsíveis e identificáveis. Fruto dos anos de Capital do Império e da República, a sociedade carioca formou-se, como no dizer de Milton Nascimento, de frente para o mar e de costas para o Brasil. Isso porque sua vocação marítima, fazia com que ela se interessasse mais pelo que acontecia no exterior do que na sua vizinhança.

Quando da Revolução Federalista, enquanto o Rio de Janeiro era bombardeado por Saldanha da Gama, a elite se divertia nas festas, ignorando completamente o que acontecia. Sorte dela que Floriano Peixoto esmagou os insurgentes.

Depois disso, quando da Guerra de Canudos, em 1896, o governo federal prometeu aos soldados combatentes de todo o Brasil que, se vencessem, teriam terras no Rio de Janeiro. A guerra foi vencida e a promessa não foi cumprida. Os ex-militares foram para o Rio de Janeiro, ocuparam os morros, construíram barracos e para lá levaram de Canudos o nome Favela, com o qual batizaram o lugar de suas novas moradas.

Atualmente, enquanto a cidade se defronta com um grau de violência semelhante ou mesmo pior que a do Iraque, a classe média e elite da zona sul, alheia a tudo continuam fazendo as suas festas no MAM, ou na Marina da Glória. Reagem a essa barbárie que se verifica na cidade com gozação, piada e cerveja.

Com isso empurram as questões e os problemas para embaixo do tapete e os problemas vão se agravando em escala geométrica. Seus olhos, contudo, nada querem ver. Os problemas das favelas que ficam a poucos metros do local onde residem, parecem para eles serem problemas do Afeganistão.

Empinam seus narizes como a dizer: nada tenho com isso. Por isso, a situação chegou a esse ponto e enquanto essa postura for mantida, nada de novo aparecerá no front.

Wander Marques
Campo Magro - PR

terça-feira, 17 de junho de 2008

RJ: Onda de revolta invade o Morro da Providência

A ação covarde de integrantes do Exército Brasileiro, que entregaram três moradores do Morro da Providência para morrer nas mãos de traficantes do Morro da Mineira, no Catumbi, gerou uma onda de indignação que invadiu as ruas e a internet. Enquanto o movimento social organizado realiza protestos pela cidade, jovens e amigos das vítimas também registraram seu lamento e pesar em várias comunidades do Orkut.

Marcos Paulo da Silva, de 17 anos, Wellington Gonzaga Costa, 19, e David Wilson Florença da Silva, 24, moradores do Morro da Providência, na Zona Portuária do Rio, foram torturados e assassinados pelos traficantes.

O primeiro protesto da comunidade aconteceu na última segunda-feira e, para não fugir a regra, teve violência contra a população. Foi após o enterro, quando amigos das vítimas fizeram um ato público em frente à sede do Comando Militar do Leste (CML). A manifestação foi interrompida à base de tiros de borracha e bombas de efeito moral.

Diante da repressão organizada, as famílias do morro radicalizaram. Pressionadas pela violência dos traficantes que aliciam e recrutam cada vez mais jovens e discriminadas pelas autoridades mantidas com dinheiro público e que deveriam protegê-las e dar-lhes segurança (um direito constitucional), elas começaram também a divulgar o seu repúdio na rede mundial de computadores.

A comunidade pede justiça contra os traficantes e contra os integrantes do Exército. “Queremos o suicídio dos criminosos!”, “Justiça será feita, custe o que custar!” e “Os criminosos devem responder pelos seus crimes!” são as principais frases das comunidades virtuais do Morro da Providência.

Uma delas, com quase 4 mil integrantes, traz o seguinte aviso:
“NÃO FAZEMOS QUALQUER TIPO DE APOLOGIA... MAS TAMBÉM NÃO REPREENDO!”

quarta-feira, 11 de junho de 2008

MST: "queremos produzir alimentos"

Em meio ao furacão da crise de alimentos que vem mobilizando governos e sociedades em todo o planeta, o Movimento dos Sem Terra (MST) divulgou um manifesto em que defende a agricultura familiar como a alternativa para que a comida chegue nas mesas de todas as famílias.
Com o título "Queremos produzir alimentosContra o agronegócio e em defesa da agricultura camponesa", o MST marca posição contra a concentração de extensas áreas de terras por empresas nas mãos dos mais ricos. A instituição também denunciou a falta de apoio à agricultura camponesa e fez um alerta para o agravamento da crise dos alimentos nos próximos anos, fato já constatado também pela Organização das Nações Unidas (ONU).
"O atual modelo econômico, baseado no agronegócio e no capital financeiro, quer transformar os alimentos, as sementes e todos os recursos naturais em mercadoria para atender os interesses, o lucro e a ganância das grandes empresas transnacionais. Para isso, esses grupos econômicos se apropriam de terra, águas, minerais e biodiversidade, privatizando o que é de todos. Além disso, desmatam as florestas e deterioram os solos com a monocultura. Também aumentam a exploração dos trabalhadores, precarizam, retiram e desrespeitam os direitos trabalhistas, causam desemprego, pobreza e violência", afirma o manifesto, que traz uma série de sugestões e idéias valiosas para a retomada da produção de alimentos no País - com efeitos imediatos nos preços.
O MST também cobrou do presidente Luiz Inácio Lula da Silva o cumprimento de promessas de campanha, assinadas em 2002, onde o então candidato se comprometia a construir 100 mil casas por ano para as famílias camponesas. A medida, na época, foi defendida pelo próprio Lula como forma de evitar o êxodo rural.

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segunda-feira, 9 de junho de 2008

Em Curitiba: cartão postal poluído

Um dos mais belos cartões postais de Curitiba, o Parque Barigüi, sofre com a poluição provocada por uma fábrica de papel.
Manhã de sábado ensolarada, dia ideal para curitibanos e turistas irem ao Parque Barigüi, com a sua bela pista de caminhada margeando o rio e um formoso lago. Só não podem olhar para a água. É que nela bóiam estranhas formas esponjosas e malcheirosas que podem até fazê-los desistir.
As tais formas são resíduos da fábrica de papel da Trombini, tradicional e poderosa empresa curitibana que há muitos anos funciona a menos de um quilômetro, rio acima, do Parque e que, atendendo à grande demanda por papelão ondulado produz a todo vapor, emitindo em suas chaminés - sempre à noite para não dar tanto na vista - grossas e tóxicas nuvens de fumaça negra.
O crime ambiental tem a bênção dos órgãos municipais ligados ao meio ambiente que, respeitando competentemente o direito dos tradicionais empresários da cidade, fecham os olhos para a podridão que compartilham os caminhantes do Parque e os animais que ali habitam.
Reclamações da comunidade nos órgãos municipais têm resposta padrão: a sujeira é fruto da má educação da própria população (isso mesmo, você não leu errado!) que insiste em jogar detritos no rio.
Na fábrica ninguém tasca, a não ser para comprar seus produtos. Trata-se de um zumbi corporativo: existe para vender e comprar (e poluir o meio ambiente), mas não existe para os órgãos municipais ligados à defesa do meio ambiente.
Fica no pobre cidadão reclamante a impressão de que tudo não passa de um delírio. Como se não bastasse, muitos freqüentadores do parque acostumaram-se à sujeira e já não se incomodam tanto.
Incautos, os cidadãos que já se conformaram esquecem que agir com tamanha complacência é apoiar, indiretamente, a nefasta ação dos poluidores. Graças a tal desleixo, nas próximas eleições muitos acabarão votando no mesmo candidato do PSDB, descrentes de qualquer nova opção eleitoral. Os novos governantes, eleitos sobre essa plataforma casada da inoperância com o conformismo, continuarão deixando tudo como está - até para garantir os seus sucessores.
A ladainha é conhecida: tão logo assuma o novo prefeito, de qualquer partido, imediatamente se dará um processo de concorrência pública para a dragagem e limpeza do lago do Parque. Durante algum tempo a obra terá seqüência, mantendo o lago com as suas águas novamente limpas.
Isso durará até a primeira “fornada” de fabricação de papelão ondulado na fábrica da Trombini, quando o processo de poluição novamente se iniciará. Afinal, dentro de mais algum tempo virá um novo prefeito, outro processo de concorrência pública e todos ficarão felizes e contentes.
Nota final: este velho filme é uma reprise. Os curitibanos o assistem há pelo menos 30 anos.
AUTOR: Wander Marques
Campo Magro-PR