Os problemas do Rio de Janeiro não são, absolutamente, novidades. Pelo contrário, são bem previsíveis e identificáveis. Fruto dos anos de Capital do Império e da República, a sociedade carioca formou-se, como no dizer de Milton Nascimento, de frente para o mar e de costas para o Brasil. Isso porque sua vocação marítima, fazia com que ela se interessasse mais pelo que acontecia no exterior do que na sua vizinhança.
Quando da Revolução Federalista, enquanto o Rio de Janeiro era bombardeado por Saldanha da Gama, a elite se divertia nas festas, ignorando completamente o que acontecia. Sorte dela que Floriano Peixoto esmagou os insurgentes.
Depois disso, quando da Guerra de Canudos, em 1896, o governo federal prometeu aos soldados combatentes de todo o Brasil que, se vencessem, teriam terras no Rio de Janeiro. A guerra foi vencida e a promessa não foi cumprida. Os ex-militares foram para o Rio de Janeiro, ocuparam os morros, construíram barracos e para lá levaram de Canudos o nome Favela, com o qual batizaram o lugar de suas novas moradas.
Atualmente, enquanto a cidade se defronta com um grau de violência semelhante ou mesmo pior que a do Iraque, a classe média e elite da zona sul, alheia a tudo continuam fazendo as suas festas no MAM, ou na Marina da Glória. Reagem a essa barbárie que se verifica na cidade com gozação, piada e cerveja.
Com isso empurram as questões e os problemas para embaixo do tapete e os problemas vão se agravando em escala geométrica. Seus olhos, contudo, nada querem ver. Os problemas das favelas que ficam a poucos metros do local onde residem, parecem para eles serem problemas do Afeganistão.
Empinam seus narizes como a dizer: nada tenho com isso. Por isso, a situação chegou a esse ponto e enquanto essa postura for mantida, nada de novo aparecerá no front.
Wander Marques
Campo Magro - PR
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