“Shopping de Curitiba proíbe a entrada de jovens da periferia. Associação Comercial apóia a medida e Ministério Público examina a questão. Discriminados reagem, fazendo protesto na porta do shopping.”
Esta notícia, estampada nos jornais, representa a conseqüência de um processo que se iniciou há alguns anos e hoje traz desastrosas conseqüências.
Como é sabido, a expansão capitalista ocorrida nos anos 60 e 70 do século passado no Paraná representou a mudança do modelo agrícola. De uma agricultura camponesa voltada para a produção para o mercado interno, tivemos a mudança para uma agricultura voltada para a exportação, o chamado Agronegócio. A conseqüência desse processo foi o deslocamento populacional de milhões de pessoas que viviam no campo. A forma utilizada para se alcançar esse objetivo variou da simples compra das propriedades agrícolas, passando pela grilagem de terras pura e simples e mesmo a expulsão violenta de agricultores e de indígenas.
Parte desse contingente populacional deslocou-se para as novas fronteiras agrícolas, nos estados do norte do Brasil; outra parte rumou para as cidades da região, das quais Curitiba é um exemplo. Em 1976, a cidade, somada à sua região metropolitana, não alcançava a um milhão de habitantes contra mais de três milhões atualmente. Esse contingente de mais de dois milhões de seres humanos ocupou a periferia da cidade, que cresceu nesse período duas vezes mais do que o centro urbano tradicional. Um processo semelhante ocorreu no resto do país: o crescimento abrupto da população em todas as capitais e grandes cidades é conseqüência dele.
Nesse período o assim chamado apelidado poder público – cúmulo do paradoxo - não soube oferecer a essa população as básicas condições de cidadania, em termos de educação de qualidade, saúde e condições sanitárias. Gerações foram se sucedendo sem o acesso a essas condições. Enquanto o Brasil se transformava em grande fornecedor de produtos agrícolas para o mundo, a população da periferia das cidades permanecia alheia a qualquer investimento governamental que pudesse promovê-la humanamente e com isso permitir que ela tivesse acesso à educação e à cidadania.
A conseqüência desse fato está estampada nos jornais: jovens da periferia, por não terem as mínimas condições de se comportar como cidadãos, acabam por terem barrada a sua entrada num shopping de uma grande cidade brasileira, causando com isso um problema de difícil solução dentro do quadro institucional que vivemos. Se por um lado eles como brasileiros têm o direito de entrar e de sair de qualquer lugar onde se reúnam pessoas, por outro, em função de sua falta de educação e de cidadania se tornam indesejáveis.
O noticiário nos mostra diariamente algo parecido e igualmente intolerante: a discriminação de estrangeiros na Europa, uma reedição bizarra das barreiras raciais que tanto fizeram mal ao mundo no século passado. No caso tupiniquim o agravante é que esse crime é cometido por brasileiros, contra brasileiros.
Esta notícia, estampada nos jornais, representa a conseqüência de um processo que se iniciou há alguns anos e hoje traz desastrosas conseqüências.
Como é sabido, a expansão capitalista ocorrida nos anos 60 e 70 do século passado no Paraná representou a mudança do modelo agrícola. De uma agricultura camponesa voltada para a produção para o mercado interno, tivemos a mudança para uma agricultura voltada para a exportação, o chamado Agronegócio. A conseqüência desse processo foi o deslocamento populacional de milhões de pessoas que viviam no campo. A forma utilizada para se alcançar esse objetivo variou da simples compra das propriedades agrícolas, passando pela grilagem de terras pura e simples e mesmo a expulsão violenta de agricultores e de indígenas.
Parte desse contingente populacional deslocou-se para as novas fronteiras agrícolas, nos estados do norte do Brasil; outra parte rumou para as cidades da região, das quais Curitiba é um exemplo. Em 1976, a cidade, somada à sua região metropolitana, não alcançava a um milhão de habitantes contra mais de três milhões atualmente. Esse contingente de mais de dois milhões de seres humanos ocupou a periferia da cidade, que cresceu nesse período duas vezes mais do que o centro urbano tradicional. Um processo semelhante ocorreu no resto do país: o crescimento abrupto da população em todas as capitais e grandes cidades é conseqüência dele.
Nesse período o assim chamado apelidado poder público – cúmulo do paradoxo - não soube oferecer a essa população as básicas condições de cidadania, em termos de educação de qualidade, saúde e condições sanitárias. Gerações foram se sucedendo sem o acesso a essas condições. Enquanto o Brasil se transformava em grande fornecedor de produtos agrícolas para o mundo, a população da periferia das cidades permanecia alheia a qualquer investimento governamental que pudesse promovê-la humanamente e com isso permitir que ela tivesse acesso à educação e à cidadania.
A conseqüência desse fato está estampada nos jornais: jovens da periferia, por não terem as mínimas condições de se comportar como cidadãos, acabam por terem barrada a sua entrada num shopping de uma grande cidade brasileira, causando com isso um problema de difícil solução dentro do quadro institucional que vivemos. Se por um lado eles como brasileiros têm o direito de entrar e de sair de qualquer lugar onde se reúnam pessoas, por outro, em função de sua falta de educação e de cidadania se tornam indesejáveis.
O noticiário nos mostra diariamente algo parecido e igualmente intolerante: a discriminação de estrangeiros na Europa, uma reedição bizarra das barreiras raciais que tanto fizeram mal ao mundo no século passado. No caso tupiniquim o agravante é que esse crime é cometido por brasileiros, contra brasileiros.
E muita gente ainda acha normal.
Autor: Wander Marques
Campo Magro-PR, 05.06.08
Autor: Wander Marques
Campo Magro-PR, 05.06.08
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