Um dos mais belos cartões postais de Curitiba, o Parque Barigüi, sofre com a poluição provocada por uma fábrica de papel.
Manhã de sábado ensolarada, dia ideal para curitibanos e turistas irem ao Parque Barigüi, com a sua bela pista de caminhada margeando o rio e um formoso lago. Só não podem olhar para a água. É que nela bóiam estranhas formas esponjosas e malcheirosas que podem até fazê-los desistir.
As tais formas são resíduos da fábrica de papel da Trombini, tradicional e poderosa empresa curitibana que há muitos anos funciona a menos de um quilômetro, rio acima, do Parque e que, atendendo à grande demanda por papelão ondulado produz a todo vapor, emitindo em suas chaminés - sempre à noite para não dar tanto na vista - grossas e tóxicas nuvens de fumaça negra.
O crime ambiental tem a bênção dos órgãos municipais ligados ao meio ambiente que, respeitando competentemente o direito dos tradicionais empresários da cidade, fecham os olhos para a podridão que compartilham os caminhantes do Parque e os animais que ali habitam.
Reclamações da comunidade nos órgãos municipais têm resposta padrão: a sujeira é fruto da má educação da própria população (isso mesmo, você não leu errado!) que insiste em jogar detritos no rio.
Na fábrica ninguém tasca, a não ser para comprar seus produtos. Trata-se de um zumbi corporativo: existe para vender e comprar (e poluir o meio ambiente), mas não existe para os órgãos municipais ligados à defesa do meio ambiente.
Fica no pobre cidadão reclamante a impressão de que tudo não passa de um delírio. Como se não bastasse, muitos freqüentadores do parque acostumaram-se à sujeira e já não se incomodam tanto.
Incautos, os cidadãos que já se conformaram esquecem que agir com tamanha complacência é apoiar, indiretamente, a nefasta ação dos poluidores. Graças a tal desleixo, nas próximas eleições muitos acabarão votando no mesmo candidato do PSDB, descrentes de qualquer nova opção eleitoral. Os novos governantes, eleitos sobre essa plataforma casada da inoperância com o conformismo, continuarão deixando tudo como está - até para garantir os seus sucessores.
A ladainha é conhecida: tão logo assuma o novo prefeito, de qualquer partido, imediatamente se dará um processo de concorrência pública para a dragagem e limpeza do lago do Parque. Durante algum tempo a obra terá seqüência, mantendo o lago com as suas águas novamente limpas.
Isso durará até a primeira “fornada” de fabricação de papelão ondulado na fábrica da Trombini, quando o processo de poluição novamente se iniciará. Afinal, dentro de mais algum tempo virá um novo prefeito, outro processo de concorrência pública e todos ficarão felizes e contentes.
Nota final: este velho filme é uma reprise. Os curitibanos o assistem há pelo menos 30 anos.
AUTOR: Wander Marques
Campo Magro-PR
Um comentário:
Caros senhores!
Neste exato momento está acontecendo uma queimada, que inclui plástico e outros polímeros poluentes em frente ao condominio em que resido. Este evento ocorre todos os dias aqui e todos os moradores são obrigados a fechar todas as janelas já que não adianta reclamar para orgão nenhumpois são um bando de vagabundos ocupando cargos pra não fazerem nada...dá uma enorme sensasção de impotencia e vontade de fazer justiça com as proprias mãos, pois sinto vontade de chegar as vias de fato com estes filhos das putas amantes da poluição...
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