Quando foram estabelecidas regras para o plantio de OGMs (organismos geneticamente modificados) pelos órgãos de controle federais, ficou estabelecida a proibição do plantio desses junto aos Parques Nacionais e demais florestas protegidas pelo Estado.
Essa proibição prevenia a possibilidade de contaminação das espécies florestais pelas plantas geneticamente manipuladas.
Desprezando a lei brasileira, a empresa multinacional suíça Syngenta Seeds, adquiriu uma fazenda vizinha ao Parque Nacional do Iguaçu, em território paranaense e ali passou a fazer experimentações com as ditas plantas.
O movimento social Via Campesina, ao saber desse fato, invadiu e ocupou a fazenda, o que fez provocar grande estardalhaço na mídia paranaense. O Governador do Estado, Roberto Requião, antigo apoiador dos movimentos sociais, ciente da ilegalidade cometida pela empresa multinacional, fez publicar decreto tornando de utilidade pública a área invadida. Chegou mesmo a planejar a instalação naquele local de um centro de pesquisas agrícolas.
Enquanto isso ocorria, o Congresso Nacional, com estranha agilidade, votou uma reforma na referida lei permitindo pesquisas com transgênicos em qualquer local, incluindo a proximidade de parques nacionais.
Imediatamente a Syngenta Seeds entrou na justiça com ação de reintegração de posse, que foi prontamente aceita pelo Judiciário parananense. O movimento social, no entanto, permaneceu ocupando a fazenda, o que levou a multinacional a contratar jagunços que atacaram a fazenda e mataram um dos líderes da invasão.
Desde então a polícia se o Judiciário se revezaram para expulsar o movimento social e devolver a fazenda à multinacional suíça. Sobre o assassinato cometido ou mesmo sobre o envio de jagunços armados ao acampamento, nenhuma palavra.
O ocorrido despertou indignação internacional em vários setores, em especial naqueles ligados à luta contra as grandes empresas que controlam a agricultura mundial.
A repercussão do fato pela imprensa, como era de se esperar, foi praticamente nula. A mídia local limitou-se a comentar o “absurdo” da invasão ocorrida e as ações de reintegração de posse que, segundo os jornalistas especializados, “mostravam o desinteresse do governo do estadual em cumprir a lei”.
Agora, com o império da lei restabelecido, a Syngenta Seeds pode voltar tranquilamente às suas pesquisas em parques nacionais.
AUTOR: Wander Marques
Campo Magro-PR, 04.06.08
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Um comentário:
Mais um exemplo indigesto da subordinação da lei( e dos que a promulgam) ao capital.
Que beleza a exibição de notícias que não vemos por aí!
Parabéns Wander!
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